ADENOMA HEPÁTICO
É um tumor, geralmente benigno, que se forma por proliferação nas células do fígado. É mais comum em mulheres jovens (20 a 44 anos) em uso de anticoncepcional, mas pode estar associada ao uso de hormônios masculinos/anabolizantes e doença de depósito de glicogênio.
A grande maioria dos pacientes não possui sintomas e o diagnóstico é realizado de forma incidental, em exame de imagem por outro motivo, sendo a maioria menor que 5 cm e único (70 a 80%).
Necessita diferenciação com outros tumores benignos do fígado, como hemangioma e hiperplasia nodular focal. Muitas vezes é necessário ressonância magnética com contraste hepato-específico para melhor avaliação do nódulo (tamanho, localização, subtipo).
Se confirmado adenoma é de extrema importância a avaliação cuidadosa para caracterização do subtipo:
1) Mutação HNF1a ou Esteatótico: 30-40% dos adenomas. Possuem esteatose importante associada, células inflamatórias e ausência de anormalidade da célula do adenoma em si. Raramente estão associados com o risco de câncer.
2) Mutação da b-catenina: Representam aproximadamente 10-15%. Apresentam anormalidades das células e se apresentam em uma formação pseudoglandular. Tem um maior risco de malignização.
3) Inflamatório ou telangiectásico: sem as mutações acima. Este grupo pode ser dividido em dois subgrupos, com ou sem células inflamatórias. Praticamente não possuem o risco de câncer. Representam aproximadamente 50%.
Biópsia não é indicada de rotina mas pode ser realizada quando existe dúvida diagnóstica.
Ruptura com hemorragia pode ocorrer nos tumores maiores que 5 cm e subcapsulares. O risco de malignização existe em lesões maiores do que 5 cm, no subtipo beta-catenina e em homens.
Após o diagnóstico, os pacientes são incialmente aconselhados a parar o anticoncepcional/reposição hormonal, e fazer reavaliação 6 meses depois. Diminuição do tamanho do adenoma tem sido documentada ao parar o anticoncepcional, e recorrência durante o uso novamente ou durante a gravidez.
Após este período, caso haja aumento da lesão, tratamento cirúrgico ou embolização pode ser indicado, assim como nos adenomas maiores do que 5,0 cm, história de sangramento, em homens ou com alteração do gene da b-catenina.
As pacientes geralmente são aconselhadas a não engravidar, uma vez que não é possível predizer o comportamento do adenoma durante a gravidez. Muitos casos de ruptura durante a gestação estão descritos na literatura.